FAO explora riscos de segurança alimentar de pesticidas, medicamentos veterinários e microplásticos no microbioma intestinal
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A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) publicou os resultados de uma extensa revisão da literatura que examina os efeitos do consumo de três contaminantes químicos generalizados de alimentos – resíduos de pesticidas, resíduos de medicamentos veterinários e microplásticos – no microbioma intestinal humano. As revisões da literatura visam preencher as lacunas de conhecimento existentes sobre como os componentes da dieta podem afetar o microbioma intestinal e a saúde humana, informações cruciais para melhorar a avaliação de risco à segurança alimentar.
A segurança alimentar foi o foco central das três revisões, que identificam limitações de pesquisa, lacunas de conhecimento e áreas que precisam de mais investigação antes de usar dados do microbioma intestinal em avaliações químicas e no avanço da avaliação de risco de segurança alimentar. As revisões podem servir como ponto de partida para discussões multidisciplinares com avaliadores de risco para apoiar a ciência regulatória e o desenvolvimento de políticas.
Embora a literatura disponível e, portanto, as conclusões e recomendações da FAO sejam muito mais extensas em relação aos resíduos de pesticidas do que aos resíduos de medicamentos veterinários ou microplásticos, todas as três revisões apontam para a capacidade de seus respectivos contaminantes químicos de alterar o microbioma humano e requerem mais pesquisas.
O Microbioma Intestinal
O microbioma intestinal é uma comunidade microbiana altamente dinâmica e complexa que reside e interage no trato gastrointestinal (GI). Essas comunidades podem participar de várias atividades fisiológicas, como digestão e função imunológica, e ajudam a manter a homeostase intestinal e sistêmica. Além disso, o microbioma intestinal é muito sensível a fatores ambientais, incluindo a dieta, que podem ter impactos positivos e negativos na saúde. Desequilíbrios do microbioma intestinal têm sido associados a vários distúrbios, incluindo obesidade, diabetes e doença inflamatória intestinal. Com o advento das tecnologias "ômicas", o estudo do microbioma intestinal adotou uma abordagem holística, permitindo uma compreensão mais profunda das complexas interações entre o microbioma e o hospedeiro.
Resíduos de pesticida
A revisão da literatura da FAO sobre os efeitos dos resíduos de pesticidas no microbioma intestinal incluiu estudos com roedores, que revelaram alterações do microbioma intestinal e da homeostase dos animais na grande maioria dos casos, com demonstração limitada de causalidade. Alguns estudos in vitro também mostraram distúrbios microbianos. No entanto, avaliar a relevância desses achados continua sendo um desafio na ausência de um microbioma saudável definido e disbiose. Pesquisas e orientações adicionais são necessárias para 1) estabelecer a causalidade e os mecanismos envolvidos, 2) investigar o impacto de resíduos de pesticidas de baixo nível no microbioma e 3) considerar o microbioma intestinal na avaliação de risco de resíduos de pesticidas.
O relatório incluiu quatro recomendações principais. A primeira é organizar uma série de reuniões envolvendo avaliadores de risco e especialistas multidisciplinares em microbioma para:
A FAO também recomenda atividades de pesquisa que investiguem o envolvimento do microbioma intestinal na transformação química de pesticidas e mudanças na toxicocinética e toxicidade dos compostos; exposição crônica a resíduos de pesticidas de baixo nível; co-exposição a pesticidas e avaliação de co-formulantes de pesticidas; e demonstração da causalidade e mecanismos envolvidos. Além disso, a FAO recomenda unir e contribuir com os esforços da comunidade científica que visam estabelecer modelos adequados para pesquisa de microbioma, padronizar métodos in vivo e in vitro usados para avaliar a segurança de resíduos de pesticidas e outros produtos químicos relevantes para a segurança alimentar e padronizar metodologias analíticas, incluindo aquelas baseadas em tecnologias ômicas.
Finalmente, a FAO recomenda o desenvolvimento de diretrizes para cientistas para ajudar a harmonizar os estudos de microbioma e garantir a qualidade dos dados, abrangendo áreas como: